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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Livro do mês

A mulher de trinta anos.
Do prefácio de Philippe Berthier
"Trata-se (...) de uma meditação complexa, mas profundamente conservadora, sobre os danos da transgressão social e moral, o inelutável cortejo de catástrofes que ela implica: os "primeiros erros" inauguram uma fatalidade que, de elo em elo, semeará a desgraça numa família, inevitáveis seqüelas da irresponsabilidade e da desobediência. Julie é uma jovem encantadora, mas principalmente uma desmiolada que se enamora pelo que há de mais superficial (a beleza física) para ligar sua vida à de um imbecil e egoísta: de nada adiantam as advertências do pai (numa cena que se repetirá na geração seguinte por duas vezes, ilustrando a triste verdade prática segundo a qual, para sua grande desgraça, os filhos não ouvem jamais as advertências dos pais, eterno retorno da cegueira das paixões). Apesar dos sinistros presságios de um número maldito — o décimo terceiro domingo de 1813 —, e já às vésperas da débâcle histórica em que a nação vai se precipitar, um destino individual sela, por frivolidade, seu desastre. Filha rebelde, Julie toma o caminho da afirmação do desejo pessoal a qualquer preço, que, para Balzac, é sempre fatal, porque ignora a necessidade da submissão às altas exigências da existência social.
"O trauma de uma noite basta para aquilatar a brutalidade de Victor, que não tem a menor idéia das expectativas de sua esposa. Incapaz de fazer com que ela partilhe seus prazeres, ele a trata como mero objeto sexual. Esse medíocre inconsciente não vê praticamente nenhuma diferença entre seu cavalo e sua mulher, que logo passa a sentir por ele apenas piedade e desprezo. Balzac não é condescendente com a fatuidade masculina e tampouco com a leviandade feminina. O casamento aparece então como uma odiosa impostura, uma prostituição legal. Nesse mercado de tolos, a mulher tem infinitamente mais a perder que o homem, pois a opinião pública costuma ser indulgente com todas as faltas deste, enquanto que ela permanece prisioneira de seus deveres; a reprovação geral que sancionaria qualquer falta de sua parte afigura-se a Balzac como a punição pela infração às leis ou o sintoma de "tristes imperfeições das instituições nas quais repousa a sociedade européia" (leia-se: os casamentos "arranjados" por questões de interesse). Armadilha mortal para a mulher que não soube (ou não pôde) escolher seu esposo, o casamento exige, com razão, que se honre o pacto solene firmado diante de Deus e dos homens; ele garante aos indivíduos imensas vantagens, mas também exige sacrifícios, e é o cúmulo do ilogismo interessado pretender se furtar a suas obrigações, ao mesmo tempo em que se tira partido de suas prerrogativas. Afinal de contas, comenta ferozmente Balzac, os infelizes sem pão, que respeitam a propriedade alheia, não são menos de lamentar que as mulheres infelizes em função de uma má escolha conjugal. Julie recebe o funesto pagamento à sua imaturidade juvenil, à sua incompreensão dos grandes imperativos — prescritos pela sociedade para que possa subsistir —- do alcance destes. O amor de Arthur — sublime mas, de forma masoquista, repelido — apenas confirma a contrario o caráter carceral que a instituição do casamento tem para a mulher."

"Nunca devemos julgar as pessoas que amamos. O amor que não é cego, não é amor."
"O ódio tem melhor memória do que o amor."
"É mais fácil ser amante do que marido, pois é mais fácil dizer coisas bonitas de vez em quando do que ser espirituoso dias e anos a fio.."
Honoré de Balzac

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